Sob a inspiração da grande educadora Nazira Féres Abi Saber, juntamente com Ignez Pereira Martins, Maria da Conceição Bueno, Maria de Lourdes Xavier Lana, Maria de Andrade Goulart, Wanda Avelino e Tereza Casasanta nasce, no dia da Criança, em 12 de outubro, o Instituto da Criança.

As primeiras crianças chegam e formam as primeiras turmas numa casa com um imenso quintal na Rua Tomaz Gonzaga – 569. Uma enorme jabuticabeira presente neste espaço era a alegria da criançada, que subia e descia pelos galhos, transformando-a em uma árvore de crianças. Mais tarde, outras casas vieram e, com elas, o sonho da sede própria.

Ainda nesta década, três integrantes deixam o time rumo a outros sonhos.

Nazira, Ignez, Maria de Lourdes e Maria Bueno iniciam uma formação que dará ao IC identidade e destaque na comunidade educativa. Vai-se delineando a crença de que criança tece teorias sobre o mundo e que aprende agindo e interagindo sobre o objeto de conhecimento e com o outro. A ideia de que a inteligência é construída e que representa a habilidade de encontrar soluções e resolver problemas, para adaptar-me melhor ao meio e para modifica-lo quando necessário.

Por volta de 80, a Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais e o Departamento de Psicologia da Unicamp, ofereceram um curso de 240 horas de aprofundamento na Teoria Piagetiana. O IC recebeu 2 bolsas e Nazira Abi Saber e Maria de Lourdes Lanna iniciam a formação e estendem o estudo a toda sua equipe de professores. Começa assim a cultura do IC de permanente aprofundamento nos estudos da psicologia evolutiva da criança, dos processos de ensino, das teorias de aprendizagem, das didáticas das diversas áreas de conhecimento.

E o sonho da sede própria finalmente se tornou realidade. O ano letivo foi iniciado no novo endereço: Rua Laplace – 155. O preservado espaço possui quase 15.000m² de terreno repleto de árvores frondosas, subidas e descidas, caminhos e ruelas que possibilitou às fundadoras colocarem em prática seus sonhos, valores e objetivos.

O prédio foi construído numa estrutura retangular em que todas as salas de aula convergem para um corredor, de forma a possibilitar o diálogo entre os diversos segmentos da escola.

O espaço externo da nova casa iniciou com um enorme tanque de areia, uma quadra poliesportiva, um zoológico circular com diversos animais como patos, pavões, perus, bodes e mini-vaca.

As galinhas de Angola enriqueceram o ambiente com a beleza de suas penas e de seu canto para livrá-lo de insetos e répteis pouco amigáveis. Estas gostavam de observá-las e tentavam imitar seu caminhar ao acompanhá-las no “tô fraco”, “tô fraco”.

Desde a construção da sede própria, o artista plástico e escritor Marcelo Xavier é o parceiro para definir cores, desenhos, imagens e espaços que favoreçam a fruição infantil.

O artista plástico Ricardo Carvão Levy – pai de aluno – entusiasmado com o valor dado à arte pela instituição, presenteou o Instituto com o “Monumento à Criança”. O Monumento é uma sucessão de pipas que representam as crianças e sua liberdade de expressar, criar, voar, mas seguras a um tênue fio, a linha de trabalho da escola.

A escola crescia, os estudos se aprofundavam e surgiam necessidades de ampliação do seu projeto arquitetônico, com linhas mais modernas e mais interativas. O prédio adquiriu salas para a administração, uma sala de artes com visão de mais de 180º e um hall ajardinado e coberto.

Para conectar o prédio à quadra, foi construído o trenzinho. Seu declive e seus ângulos de curvatura facilitam todos os tipos de coordenação. As janelas dos vagões são molduras que possibilitam a inserção de produções dos alunos e, em ocasiões especiais, dos pais. O trem é uma galeria de arte, em homenagem a Nazira Féres. Possui cobertura para possibilitar a passagem em dias chuvosos. É um desafio motor para crianças de todas as idades.

Os arquitetos Samy Lansky e Suzana Cadaval aproveitaram a irregularidade do terreno e a fertilidade da imaginação e criaram o projeto do atual Galápagos. Para executá-lo, entrevistaram as coordenadoras, professoras e crianças para tornar o desejo possível.

Durante a execução do playground, na implantação da geodésia, os alunos acharam-na muito parecida com o casco da tartaruga gigante (o estudo da carcaça no arquipélago de Galápagos) e batizaram o espaço de Galápagos, nome que permanece até hoje. Escaladores e escorregadores que lembram ondas do mar e o movimento dos golfinhos, tabuleiro de xadrez gigante, submarino e outros elementos compõem o pátio.

A criatividade, curiosidade, atenção ao desenvolvimento psicomotor, cognitivo e sócio-afetivo são impulsionadas pelas brincadeiras e de aquisição de novas capacidades físicas. Para tanto, foi desenvolvido outro conjunto de brinquedos, as Pirâmides. Elas nos remetem às construções antigas da humanidade, à busca humana de equilíbrio e integração com a natureza, ao faz de conta e à superação de desafios.

O zoológico foi reformado promovendo uma maior dinamização do espaço. Essa mudança permite uma maior observação e interação das crianças com os animais ali presentes, além de garantir mais espaço e uma melhor qualidade de vida para os seres ocupantes.

Desde o início da sua construção, nos seus quase 15.000m2, entre os espaços das árvores, foram nascendo espaços de convivência e aprendizagem. A Vila das Bonecas, composta de cinco casinhas de troncos de árvores, sob um elevado também de troncos, com um bosque na frente. A casa na árvore e o Labirinto, a quadra de Areia, o Muro de Escalada, o túnel da centopeia, a Horta e, claro, a preservação da “Floresta”.

A formação continuada de diretores, coordenadores, psicólogos, professores e demais funcionários se dá com Cursos na Escola da Vila, em São Paulo, no Laboratório de Psicologia Genética da UNICAMP e com instituições especializadas nas diversas áreas da Educação e aprendizagem. Há, também, os estudos semanais promovidos pela equipe técnica com a participação de professores e, eventualmente, mediadoras, ajudantes dos maternais e demais funcionários.